Por João VARELLA
O mundo desabou sobre a cabeça do americano Scott Thompson, que assumiu o posto de CEO do Yahoo! em janeiro, depois de vir à tona a notícia de que havia fornecido informação falsa em seu currículo – ele jamais cursou ciências da computação, diferentemente do que registrara seu CV. Nem mesmo o pedido de desculpas feito em memorando aos funcionários o livrou da demissão, consumada no domingo 13. Quem assumiu o comando da empresa, interinamente, foi o vice-presidente de mídia global, Ross Levinsohn, que já trabalhou na News Corp., o império de comunicação de Rupert Murdoch. O episódio se tornou ainda mais dramático quando Thompson revelou, logo após a confirmação de sua saída, que sofre de câncer na glândula tireoide.
O modo como se deu a demissão do executivo é um duro golpe para o portal, que confiava nele para sair do marasmo. Revela também a disputa de poder dentro do Yahoo!. A queda de Thompson, que antes tinha trabalhado no serviço de pagamento digital Pay Pal, foi provocada diretamente por um homem influente nos bastidores e que tem como característica derrubar CEOs que se interpõem aos seus interesses: Daniel Loeb, gestor do Third Point, fundo de US$ 8 bilhões, que detém 5,8% do portal. Dono de uma fortuna pessoal de US$ 1,2 bilhão, em 2011, segundo a Forbes, Loeb exibe um longo histórico de pressões públicas contra as empresas nas quais investe. Um dos executivos que caíram na antipatia dele foi Leonhard Dreimann, que comandava a Salton, empresa americana de eletrodomésticos.
Em 2005, a companhia registrou queda nos resultados, mas o que deixou Loeb mais furioso foi ver que Dreimann decidiu comprar publicidade de um torneio de tênis ao qual assistiu à final de camarote, enquanto “bebericava e comia petiscos de camarão”. Loeb mandou uma carta para a SEC, o equivalente à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nos EUA, pedindo sua cabeça. É possível colocar na lista também as pancadas verbais contra Irik Sevin, ex-CEO da fornecedora de gás residencial dos Estados Unidos Star Gas Partners. Ele foi qualificado pelo gestor como “um dos executivos mais perigosos e incompetentes da América”. Um dos pretextos para o vitupério foi o histórico escolar de Sevin, considerado pífio por Loeb. Sevin aceitou a “recomendação” do investidor e pediu para sair.
Fonte: http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/84417_O+HOMEM+QUE+DERRUBOU+SCOTT+O+BREVE