Tropas da coalizão continuam a enfrentar insurgentes na região de Marjah, considerada um reduto da milícia Taleban na Província de Helmand, no Afeganistão. No entanto, a resistência parece estar menos organizada, segundo um porta-voz das forças internacionais.
De acordo com Todd Vician, citado pelo jornal americano "New York Times", as tropas da coalizão encontram "focos de resistência" e os combates são "esporádicos, mas intensos" nesta terça-feira, o quarto dia da ofensiva lançada contra o grupo em Helmand. Segundo ele, em geral, as ações dos talebans aparentemente não estão ocorrendo de forma coordenada.
Insurgentes tentaram, sem sucesso, derrubar um aparelho Osprey que levava granadas, enquanto helicópteros militares acertaram alvos talebans, entre eles uma arma automática.
Os marines dos EUA dizem acreditar que a resistência está cada vez mais desorganizada. "Não temos visto ataques coordenados, como antes. Ainda estamos sendo atingidos por armas de pequeno porte, mas de forma esporádica", disse Abraham Sipe. "De forma geral, posso dizer que a resistência continua a existir, mas que sua natureza é desorganizada".
No entanto, Tariq Ghazniwal, o porta-voz do Taleban, afirmou que os insurgentes mantêm o controle da cidade, e que as forças da coalizão "conseguiram chegar em helicópteros a áreas limitadas" da região e agora estão cercadas em Marjah.
Também nesta terça-feira, uma ação conjunta dos serviços de inteligência dos Estados Unidos e Paquistão resultou na prisão do número dois do comando do grupo islâmico radical taleban no Afeganistão, Mullah Abdul Ghani Baradar, segundo informam o jornal "The New York Times" e a agência de notícias Associated Press.
O Taleban, contudo, nega a prisão como "propaganda para criar preocupação nas mentes" dos militantes.
Líder
Baradar é o nome de mais alto escalão do Taleban preso em mais de oito anos de guerra. Ele chefia o conselho militar do grupo e foi escolhido para o cargo depois da morte, em 2006, do chefe militar mulá Akhtar Mohammed Usmani.
Segundo a inteligência americana, ele coordena as operações militares dos talebans no sul e sudeste do Afeganistão. Sua área de comando passa pelas Províncias de Kandahar, Helmand, Nimroz, Zabul e Uruzgan.
Segundo a Interpol, polícia internacional, Baradar foi vice-ministro de Defesa no regime taleban que comandou o Afeganistão até ser derrubado pela invasão americana, em 2001.
Karachi é a maior cidade do Paquistão e é constantemente citada como possível esconderijo de comandantes talebans. A cidade tem uma grande população de pashtuns, o grupo étnico de maior parte dos talebans, mas está no mar Arábico e bem longe da fronteira afegã.
Mortes de civis
Oficiais americanos e aliados da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) restringiram os ataques aéreos na megaoperação contra o Taleban após as duras críticas pelas morte de ao menos 15 civis na operação.
Nem todas as mortes estão relacionadas com ataques aéreos, mas lançar uma bomba na cidade de Marjah, controlada por militantes, mas habitada por milhares de afegãos, apresenta grandes chances de acertar uma casa com civis.
Para obter a aprovação de um ataque aéreo, os marines dos EUA devem estar em risco iminente de serem derrotados ou provar que não há civis no local a ser bombardeado.
A morte de civis é um dos temas mais delicados da ação das forças da Otan na luta contra o grupo islâmico radical Taleban no país. O general Stanley McChrystal, comandante das tropas dos EUA e da Otan no país, afirmou em relatório entregue no ano passado ao governo que, ao causar a morte de civis e danos colaterais "desnecessários", a coalizão pode perder a batalha contra o Taleban.
Ofensiva
A ofensiva, que teve início no último sábado (13), pretende expulsar os talebans da área, retomando o controle da região com o mínimo de mortes civis e danos. A intenção é que as cerca as pessoas que vivem na área aceitem o governo da administração afegã.
Com cerca de 15 mil militares, a ação foi anunciada como uma das maiores da guerra que começou há oito anos, após os ataques terroristas de 11 de Setembro, atribuídos à rede terrorista Al Qaeda, abrigada pelo Taleban.
Ela foi batizada de Mushtarak, que significa "juntos" no idioma local, pashtun, e é a primeira operação que conta com a participação das tropas afegãs no planejamento --resultado, segundo a Otan, do grande investimento em treinamento das forças locais.
O primeiro grande ataque desde que o presidente Barack Obama ordenou o envio de mais 30 mil para o Afeganistão, em dezembro, é o início de uma campanha para impor neste ano o controle do governo em áreas controladas pelos rebeldes, antes que as forças americanas comecem a se retirar gradualmente --em 2011, segundo os planos do Pentágono.
Cerca de 4.500 fuzileiros navais americanos, 1.500 soldados afegãos e 300 soldados americanos participam na ofensiva na região de Marjah. O plano foi anunciado há semanas, para alertar os civis de Marjah e conquistar seu apoio, e estimular o Taleban a depor armas.
FolhaOnline via Jornal.us
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