Há exatamente um ano uma família não para de sofrer. São os parentes do menino Matheus Dias de Moraes, que desapareceu de sua casa, no bairro Paulas e Mendes, periferia de Piedade, quando tinha apenas 2 anos. Ele estava sob os cuidados da avó paterna quando sumiu, numa distração da avó, ao sair pelo portão. Na época os bombeiros fizeram buscas pelo leito do rio Pirapora, próximo à residência. Suspeitavam de afogamento, mas nenhum corpo foi encontrado.
A Polícia Civil interrogou familiares, houve contato com delegacias de cidades vizinhas e até de cidades do litoral. Mas não houve retorno. A mãe do garoto, a lavradora Genilda Chaves Mendes, de 29 anos, foi ao Paraná procurá-lo sob a suspeita de que ele havia sido levado por ciganos. Mas Matheus sumiu sem deixar pistas. E de lá pra cá, pouca coisa mudou. “Só a tristeza que aumentou”, ressalta a mãe.
O caso ganhou repercussão interestadual. A mídia regional noticiou o fato durante meses. Nesse período a família recebeu alguns trotes e algumas suspeitas, todas checadas. “Alarmes falsos”, fala Genilda. Matheus sumiu por volta das 10h. Ele estava na casa da avó, vizinha dos pais. Numa distração, apenas o portão da casa foi achado aberto. Nada mais. Como a rua desemboca no rio, a suspeita de afogamento foi a primeira hipótese. E ali, entre as pedras, foi achado seu shorts dias depois. Nada mais. A suspeita de que havia sido levado por ciganos foi fomentada principalmente depois que um grupo deixou a cidade.
Alguns dias depois, uma família de ciganos, em Sorocaba, passou a ser suspeita. Estavam com uma criança semelhante. “Mas não era ele”, lamenta Genilda. E enquanto a polícia entrevistava familiares e conhecidos em busca de pistas, Genilda arregaçou as mangas e foi atrás do filho. Com recursos próprios foi até Cascavel, no Paraná, até a Delegacia de Pessoas Desaparecidas do Estado de São Paulo, na capital, espalhou panfletos com fotos do filho por onde esteve. “O que eu pude, eu fiz. Falaram meses depois que ele estava em Votorantim. Não encontramos nada. Nada”, lamenta.
Divergências
A história do desaparecimento de Matheus intriga todos os envolvidos, principalmente pela falta de pistas. A mãe do menino registrou até uma queixa na 7ª Corregedoria da Polícia Civil de Sorocaba contra a Polícia Civil de Piedade. No documento ela acusa a equipe de investigação de desinteresse no caso. Ela afirma que, por exemplo, foi ela mesma quem levou o caso à Delegacia de Desaparecidos do Estado. “Porque nem a competência de enviar um fax para lá eles tiveram”, desabafa. A Polícia Civil por sua vez, lamenta o fato. O delegado corregedor de Sorocaba, Márcio Vieira Rodrigues, disse que a partir da queixa de Genilda, a polícia de Piedade foi intimada a enviar relatórios sobre o andamento da investigação.
“Percebemos que fizeram o possível. Infelizmente esbarramos em fatos, como falta de estrutura, para dar melhor atendimento. Mas que policial não teria dentro de si a vontade de solucionar um caso como esse, que envolve criança? Lamentamos o desespero dessa mãe e infelizmente a falta de pistas”, resumiu. Para Genilda, a busca pela fé tem suavizado as tristezas. “Sou evangélica e me apego a Deus. Tenho certeza que meu filho está vivo e bem. E que um dia, no dia certo, ele vai aparecer. E pode ter certeza que nesse dia todo mundo vai saber que ele voltou pra mim”.
Jornal Cruzeiro do Sul via Jornal.us
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